Eram três
crianças portando três sentimentos que nem mesmo elas entendiam: amor, ódio e
inveja. Seria precipitado pensar que após anos, as mesmas crianças viriam a
crescer e ainda continuar ligadas por esses sentimentos.
Cresci vendo
ele ser dela. Era assim que tinha de ser. O melhor abraço, a melhor risada, o
olhar mais penetrante. Sempre era tudo dela. E quando sobrava alguma migalha
pra mim, era raiva por ela também me dar atenção. Era a raiva dele por ter a
atenção tirada do assunto em que ele era o foco. Era o ódio por mim porque eu
ganhava 5 minutos de atenção de todos por uma frase inteligente. Eu sabia que o
amor dela por ele era imenso demais, incapaz de ser quebrado, perfurado ou
arranhado. Era assim. Ele sendo dela.
Ela era a protagonista
dessa história. O foco. Se havia drama, romance, intriga, afeto, prazer,
qualquer sentimento, era voltado a ela. E no meio deste conto, eu era apenas a
coadjuvante, deixada de lado para que a história dela fosse ainda mais focada.
Focada junto a ele.
O fato, que
eu gostava dele. Eu o achava engraçado, bonito, superinteressante. Até mesmo
cativante e charmoso. Loiro, alto, forte, olhos verdes, barbado, cabelos
encaracolados e compridos. Eu me sentia atraída por ele. Já ela... Minha melhor
amiga. Seria o golpe mais forte dado pelas costas que alguém poderia receber.
Mesmo ele não a amando como ela, pela minha amizade, ele ERA dela.
Fechei meus
olhos durante 5 anos. Foram 5 anos o olhando com desprezo. Aprendi a
menospreza-lo, a trata-lo com ódio, rancor, com nojo. Lá no fundo o tesão e a
paixão por aquele que já podia ser chamado de homem, porem a todos a minha
volta e para eu mesma, era o desprezo absoluto.
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